Circunstancial

Ainda há pouco gastava os meus raros minutos de concentração pensando em algumas questões que certamente não têm resposta. É que me impulsiona aos efeitos refletir sobre as causas. Me vi às voltas com reflexões sobre uma longa conversa que tive dia desses. Daquelas que fazem com que nos esqueçamos do tempo, a não ser pelos gritos de "ela-roubou-minha-boneca" a interromperem. Era algo sobre conveniências e circunstâncias. Nós somos e fazemos o que nos é mais conveniente, e de acordo com isso é que agimos desta ou daquela maneira. Tentei pensar em qualquer coisa superior a essa circunstancialidade existencial, porém nada me veio à mente. Quer dizer, até veio, sabe? Mas há tempos percebo que usa-se pouco o verbo que me rasgou os pensamentos enquanto eu divagava: compreender. Confesso que me senti um pouco envergonhada. Porque, na verdade, eu estava, mais que refletindo sobre a minha própria vida, julgando fatos e atitudes da vida alheia. Aquilo de ter as receitas pra tudo que é correto ou sobre como não é legal agir, coisas que fazemos muito bem quando o assunto não é a gente. Acabei chegando à conclusão de que antes de se falar em conveniências e circunstâncias é preciso exercitar primeiramente a empatia, compreender de verdade o que se passa de uma forma maior, dentro de nós ou em quem nos rodeia. Afinal, o que julgamos hoje, pode ser o motivo do nosso julgamento amanhã. Ah, no fim das contas as coisas são simples assim, clichês mesmo. Porque a vida é cheia de clichês! E patinamos muitas vezes no mesmo lugar. Nos colocamos no centro, apontando o dedo para a circunferência, enquanto o chão se abre sobre os nossos próprios pés. Bem conveniente. A nós ou a quem quer que seja. Sei que amanhã, numa insistência boba, vou me surpreender gastando meu tempo, novamente, com assuntos que não têm solução. E vou me esquecer da tal palavra que me ocorreu hoje. É do meu gosto agir assim. Mas isso já é outra história... E o amanhã fica pra depois. Devido a algumas circuntâncias...